Fermentando a web: Roberta Tsustsui, do Água Benta Lupulada

Ela largou uma carreira estável na área de finanças, na qual trabalhou por 10 anos, após receber a proposta da tão sonhada promoção. A paulista, natural de São José dos Campos, havia descoberto, aos 30 e poucos anos, que o sonho americano não fazia seus olhos brilharem — Roberta Tsustsui queria mais, queria voltar a se impressionar, se “extasiar com sabores especiais” e se “deslumbrar com cenários incomuns”. Se isso tudo fosse acompanhado de boas cervejas (hábito que adquiriu enquanto morava na Alemanha), melhor ainda.

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Em 2014 ela partiu para um ano sabático, cuja missão era visitar cervejarias e beber de suas cervejas (e histórias) direto da fonte: “uma Kölsch em Colônia, uma Altbier em Düsseldorf, Pilsen em Plze?, Real Ale na Inglaterra, Lambic na Bélgica”, exemplifica. Montou um roteiro baseado nas emoções, escolhendo locais que a impressionassem pela beleza ou que despertassem sua curiosidade. Visitou 20 países e 150 cervejarias e, para nossa sorte, registrou tudo para compartilhar essa experiência.

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Bottle Shop & Learn

O resultado foi o Água Benta Lupulada, blog de viagens cervejeiras que, por sua vez, deu origem a um empório de mesmo nome. Fundado por Roberta e sua amiga e parceira de cevada Camila Oliveira, a loja, que elas preferem chamar de Bottle Shop & Learn, vai além dos rótulos e oferece cursos, palestras, degustações e outros serviços cervejeiros. Com o blog, Roberta conta que o objetivo principal é tornar acessível o conhecimento sobre a bebida adquirido “in loco, e não só nos livros e horas/copo”.

Além de estar à frente do Água Benta Lupulada, Roberta também é beer sommelier, mestre em estilos, juíza de cervejas certificada pelo BJCP (Beer Judge Certification Program) e possui certificado de Cicerone Beer Server. E é homebrewer: “Já brassei uma série de estilos, em casa e na minha loja”, conta, deixando claro que não é influenciada por nenhuma escola , “todas têm seu charme”, brinca. Quanto aos estilos, também não tem preferência, “depende do momento”.

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Blogs e cultura cervejeira

Sobre o papel dos blogs para a cultura cervejeira, Roberta afirma que eles servem como uma fonte alternativa de informação – bem precioso no mercado de cervejas especiais, ainda pouco explorado pelas grandes mídias. Como aspecto negativo, ela aponta a falta de experiência de alguns blogueiros: “Infelizmente muitos ainda estão despreparados em termos de conhecimento, passando muitas vezes dados incorretos para o consumidor”, diz. A blogueira arrisca o palpite de que as pessoas que optam por esse tipo de mídia o fazem por sentirem-se mais próximos de quem os escreve. “Elas sentem uma conexão maior com o locutor. Acho que os blogs são mais pessoais e, portanto, o leitor pode se identificar com o blogger.”

“As cervejas artesanais brasileiras têm se desenvolvido cada vez mais”

Roberta é otimista quanto ao cenário cervejeiro nacional. Percebe que as cervejarias estão aprimorando receitas e sendo mais inventivas em suas criações, além de estarem controlando melhor os processos e evitando defeitos. “Algumas já não deixam mais a desejar quando comparadas a grandes escolas internacionais”, observa. O desafio, segundo ela, continua sendo a falta de competitividade dos custos: “É um desafio trabalhar num cenário de alta de dólar, quando muitos insumos são fixados na moeda forte, e com os tributos impostos pelo governo”, conclui.

 

Confira as entrevistas que fizemos com outros blogueiros: Gil Lebre, do A Perua da Cerveja; Raphael Rodrigues, do All Beers; Jaime Ojeda, do Con Espuma; Edson Paulo de Carvalho Junior, do Viajante Cervejeiro; Amanda Henriques, da Maria Cevada; e Roberto Fonseca, da coluna Colarinho.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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