Bike & Beer: Um tour ciclístico-cervejeiro pela Bélgica

O cervejeiro caseiro e jornalista alemão Steffen Ohnemüller, 48 anos, há 15 morando em São Paulo/SP, também dono da Cervejaria Ideal, nas suas viagens de férias sempre procurou cervejas locais. Detalhe: sempre viagens de bicicleta, pedalando.

Daí surgiu a ideia de juntar as duas paixões e organizar viagens. Surgia a Bike & Beer, agora já com duas edições realizadas – uma na Alemanha, outra na Bélgica, esta última entre os dias 16 e 22 de agosto de 2014. A organização é da agência de cicloturismo Go Biking! Expeditions e uma agência local da Bélgica.

No apoio, desde o início, a Cervejaria Nacional (SP), que lançou, inclusive, uma cerveja comemorativa (Magrela) para promover o Bike & Beer. Aliás, o guia do roteiro na Bélgica foi Guilherme Hoffmann, 25 anos, amigo do idealizador e mestre-cervejeiro da Nacional.

 

O idealizador do projeto define-se como um cicloturista de longa data. “Sempre viajei na Europa de bike e, como sou apaixonado por cerveja, sempre tentei visitar lugares onde se bebe uma de boa qualidade. Dois anos atrás, tive a ideia de levar um grupo do Brasil junto numa viagem. Aí comecei a elaborar roteiros, com belas paisagens e, claro, cervejarias no caminho”, diz.

A primeira viagem foi para a Alemanha, em 2013, e a segunda para a Bélgica, em 2014. Para participar, basta saber pedalar e gostar de cerveja. Mas, alerta o jornalista-ciclista, é preciso um condicionamento físico médio e certa experiência como ciclista.

A pessoa deve ter condições de pedalar 30 km em terreno plano, sem cansar muito. O objetivo da viagem para a Bélgica foi unir o prazer de conhecer novas cervejarias e cervejas com a experiência de pedalar num país com uma estrutura maravilhosa para ciclistas, segundo ele.

“As antigas cidades da Bélgica são destinos turísticos famosos na Europa. Conhecer uma cultura pedalando abre um novo horizonte. Você vê, cheira, ouve coisas que não se sente dentro de um ônibus, carro ou trem. Temos contato direto com a população, os hábitos locais. E, afinal, você queima as calorias que são ingeridas com as cervejas. E a consciência pesa menos.”

 

Os templos cervejeiros belgas

Por que a escolha da Bélgica? “O país oferece a maior variedade de cervejas no mundo, tem cidades históricas lindas e um terreno quase 100% plano, o que facilita pedalar, até para cervejeiros não tão esbeltos”, brinca Steffen.

Por sua vez, Guilherme, que entrou na história como segundo guia porque o grupo era muito grande e pelos seus conhecimentos cervejeiros, dá mais detalhes: “Na verdade, como a ideia é atrair, não só os já cicloturistas, mas também os iniciantes, não podíamos estimar um percurso diário muito longo.

Portanto, mantivemos a média de uns 40 a 60 km por dia, que é pouco, considerando que temos o dia todo para pedalar com paradas para água (ou cerveja), lanches, almoço, etc. Assim, quanto maior a densidade de cervejarias, melhor.

Ou seja, na viagem chegamos a visitar duas ou mais cervejarias por dia”. Os destaques da viagem, para ambos, são muitos: a Cervejaria Gruut Beer, em Gent, que faz cervejas sem lúpulo (são usadas misturas de ervas e especiarias), o brewpub Pakhuis, na Antuérpia, pequeno e com cervejas próprias, de alta qualidade.

E, claro, cervejarias consagradas, como a Het Anker (Gouden Carolus), De Halve Maan (Straffe Hendrik) e a Cantillon (“paraíso das Lambics”), em Bruxelas.

 

Cerveja, considerada um alimento

“É um país que respira cerveja. Em cada barzinho tem um número enorme de opções de cerveja, a cultura cervejeira é muito forte. Os belgas tomam cerveja a toda hora e cada pessoa tem um estilo preferido, e entende muito do assunto.

E o governo respeita as cervejarias históricas que usam processos, os quais a Anvisa, no Brasil, nunca iria permitir, como, por exemplo, os tanques de fermentação abertos num sótão cheio de teias de aranha, da Cantillon”, diz Steffen.

Por outro lado, a realidade cervejeira belga chamou muito a atenção de Gilherme: “Com certeza, a cerveja é encarada como alimento na Bélgica, além de ser abundante e ter o preço sempre justo. A variedade é quase obrigatória em qualquer lugar que se entre.

Eles têm uma relação muito íntima com a bebida e, aparentemente, não há problema nenhum em beber cerveja a qualquer momento do dia – jovens ou idosos, todos enxergam a cerveja com muita leveza, apesar de terem estilos bem alcoólicos.

Me chamou atenção o nível de qualidade, pelo menos por onde passamos, não tomei nenhuma cerveja ruim ou que me desagradou”. Outro aspecto que ele destaca da cultura cervejeira belga é o “preconceito zero”.

Ele explica: “Não importa o que é posto na cerveja, o importante é estar boa para beber. E não tem problema nenhum se você não gostar, sempre tem outros estilos à disposição. Apenas abra novamente o cardápio e lá estarão mais dezenas de opções!”, diz, entusiasmado.

 

Fazendo amigos

Na avaliação de Steffen, foi uma combinação perfeita de turismo (história, cultura e paisagem) e esporte (pedal, queima de calorias e cerveja).

“As duas viagens foram sucesso total, pessoas que não pedalavam muito se superaram e ‘descobriram’ um novo prazer. Velhos cervejeiros mergulharam nas inúmeras ofertas de boas cervejas. Amizades foram criadas e o grupo ficou unido, adorou as experiências e todos gostariam de repetir isso num outro país.”

Uma viagem dos sonhos, onde a maior surpresa, segundo o idealizador, “foi que ninguém caiu”. Começar a viagem com vários desconhecidos e, no fim, já ficar com saudades dos novos amigos é algo que marcou Guilherme nessa viagem.

“Ao final, aparentemente, a cerveja foi a responsável pela aceleração do processo, todos os participantes tinham encontrado uma bela harmonia e estávamos muito próximos. Mas também o fato de poder entrar em várias fábricas e experimentar dezenas (ou centenas, dependendo da sede…) de cervejas muito diferentes, na presença de alguém que estava ali para auxiliar na degustação e nas dúvidas que surgiam.”

 

Detalhes marcantes

Guilherme também faz um registro especial da viagem – o minúsculo bar Staminee De Garre, em Bruges.

“Eles servem uma Tripel da casa. Aquela cerveja marcou a viagem para mim, perfeita em todos os aspectos. Pois, considerando que existe uma experiência por trás da cerveja – pelo menos é o que eu acredito –, não basta só a cerveja ser boa. Neste caso, tínhamos todos os ingredientes para tornar a experiência inesquecível, desde o local onde o bar se encontra até a decoração superantiga e tradicional.

E mais: o atendimento, feito por somente uma garçonete, que servia as cervejas e petiscos preparados na hora com muita simplicidade e, claro, a cerveja, que não deixou absolutamente nada a desejar. Era uma Tripel dourada com 11,5% de teor alcoólico, que foi tomada aos montes, até perder a conta!”

Ele resume a viagem como absolutamente maravilhosa com muita cerveja, muita cultura cervejeira, risadas, nervosismo em alguns momentos, visitações a fábricas e “muitos quilômetros de pura curtição no interior do país”. A divulgação para a próxima viagem, entre 6 e 12 de agosto, já começou. Destino? Bélgica, de novo!

Inscrições para a Beer & Bike 2016:
gobiking.com.br/viagem/
06-a-12-ago-bike-beer-belgica-2016

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