Caropreso com cerveja: cervejas para a Copa do Mundo da Rússia

Por Luiz Caropreso, sommelier de cervejas, professor pela Doemens Akademie e diretor da BeerBiz — Cultura Cervejeira.

Olá meus amigos cervejeiros. A cerveja e o futebol têm uma grande afinidade. Nossa querido fermentado é a bebida mais sociabilizante que conheço. Ela embala bons papos, churrascos, happy hours – aqui em São Paulo, por exemplo, nos finais de tarde de sexta-feira, não é preciso caminhar mais de duzentos metros para encontrar um boteco cheio de gente, em mesinhas nas calçadas, bebendo cerveja e conversando animadamente. Tenho certeza que a grande maioria de vocês gosta de acompanhar os jogos na companhia de bons amigos e boas cervejas.

Sou um fanático por futebol e por cervejas, e discordo com veemência daqueles que vociferam aos quatro cantos contra o esporte bretão, impondo-lhe erroneamente a pecha de alienante social. É plenamente possível  ser um cidadão consciente de direitos deveres e imbuído de atuar para melhorar a situação do país, nas instâncias adequadas, e ser um amante das boas coisas que a vida pode proporcionar. Dito isso, vamos ao que nos interessa – cervejas pra “curtir” a Copa do Mundo da Rússia com muita paixão. Selecionei algumas cervejas deliciosas que ficam melhores quando acompanhadas por pratos da gastronomia russa.

Antuérpia Kremlin
Estilo: Russian Imperial Stout
Cervejaria Antuérpia de Juiz de Fora, MG
ABV: 11%

Uma delicia que conheci na última edição do Mondial de La Bière de São Paulo. Negra, densa, com uma espuma muito cremosa, parecida com mousse. Sabores e aromas de malte, chocolate amargo, café, toffee e algum carvalho, muito bem acomodados em seu alto teor alcoólico. Imagino ter sido elaborada com extremo cuidado e carinho pois é daquelas cervejas que reconfortam a
gente.

Minha sugestão de harmonização são os Pirozhki , pastéis de forno que são elaborados com diversos recheios como carne, verduras, peixe e até ovos.

Wensky Baltic Porter
Estilo: Baltic Porter
Cervejaria Wensky Beer, Araucária, PR
ABV: 7%

Cerveja de coloração marrom, com feixes avermelhados que exala, de forma exuberante, maltes, tosta e café. Traz também algum chocolate amargo e é, na minha concepção, uma legítima representante do estilo que nos traz à mente os povos dos países banhado pelo mar Báltico. Combina muito bem som o Stroganov que, diferentemente de sua versão repaginada pelos franceses e brasileiros, não leva cogumelos nem ketchup e não é servido com batata palha ou arroz. Tratam-se de tiras de carne bovina refogadas, flambadas e envolvidas por um molho de creme de leite acido chamado smetana.

Serve-se com batatas cozidas e pepinos em conserva, por exemplo.

Leopoldina Witbier
Estilo: Witbier
Cervejaria Leopoldina, Garibaldi, RS
ABV: 4,5%

A Rússia é o país de maior extensão e tem, dentro de seu território, regiões extremamente áridas e geladas, bem como praias que, durante o verão, ficam apinhadas de banhistas tentando se  bronzear (fato complicado para a maioria por conta de sua pele muito branca) e aproveitando o calor. Dias quentes combinam com cervejas refrescantes, como a Witbier da Leopoldina, uma cervejaria gaúcha pertencente à família Valduga, tradicional produtora de excelentes vinhos e espumantes. Nesta interpretação, a Leopoldina Witbier leva casca de limão siciliano e sementes de coentro, ingredientes que aumentam sua refrescância e drinkability.

O prato da gastronomia Russa que eu indico é o Kholodets, uma gelatina salgada, onde encontramos cubos de carne bovina, e legumes. Existem versões feitas com carne de porco e com peixes e/ou frutos do mar.

Bamberg Vienna Lager
Estilo: Vienna Lager
Cervejaria Bamberg, Votorantim, SP
ABV: 5,3%

A cervejaria Bamberg ganhou medalha de ouro com essa Vienna Lager no ultimo Festival Brasileiro da Cerveja de Blumenau. Famosa por produzir cervejas que respeitam a Lei de Pùreza da Baviera, a Bamberg não faz diferente neste rótulo. Afinal de contas não se mexe em time que está ganhando (só pra aproveitar a ocasião). Uma legítima Vienna, com seus perfumados aromas de malte, um sutil caramelo, e algo levemente terroso, finalizando com delicioso amargor no retro gosto, aumentando assim sua refrescância.

Combina muito bem com a Borshch famosa sopra de beterraba que pode ser servida morna ou fria, sendo que essa última é sua versão mais conhecida. O terroso da beterraba vai casar perfeitamente com o da cerveja. Ah, quando servir a Borshch não se esqueça de guarnecê-la com uma generosa colherada de creme de leite ou de creme azedo (smetana).

Espero que todos curtam muito a Copa do Mundo da Rússia e que, quando eu voltar a essa coluna, seja como hexacampeão. Se sim, beberei para comemorar. Se não, beberei algumas cervejas pra
acalentar a alma. Aproveito para convidar todos vocês para trocar ideias sobre cerveja e gastronomia através de meu e-mail: luizcaro@gmail.com.

Até a próxima.

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