Porto Alegre recebe 3º Seminário de Gestão para Microcervejarias

Com inscrições gratuitas, evento foi promovido pelo Sebrae-RS em parceria com a Associação Gaúcha de Microcervejarias (AGM) no dia 24 de novembro.

Na última quinta-feira, o Hotel Continental, em Porto Alegre/RS, foi espaço de encontro do segmento cervejeiro do estado, com a 3ª edição do Seminário de Gestão para Microcervejarias. Na ocasião, reuniram-se cerca de 230 participantes, entre empresários, cervejeiros e entusiastas, para conhecer casos de sucesso e debater questões como inovação, integração entre cervejarias e outras cadeias e fortalecimento por meio de associações. Como já é tradição do evento, também foi apresentado um balanço do Projeto Polo Cervejeiro do RS (2015-2016) e a proposta de ações da iniciativa para 2017. Apresentaram o Seminário a jornalista e beer sommelier Daiane Colla e o coordenador de Comércio e Serviços do Sebrae-RS, Roger Klafke.

Roger destaca a importância do evento frente às mudanças pelas quais o meio cervejeiro passa a cada ano. “O evento está cumprindo com o que havíamos idealizado, que é promover um debate sobre os temas que mais preocupam os empresários e aqueles que desejam empreender no setor cervejeiro. É também espaço para debater possíveis oportunidades nesse mercado ainda muito novo, que muda a cada ano. Então, é importante reunir todos pra conversar, trocar experiências e ideais, aproximar os elos e buscar saídas em conjunto”, afirma.

Abrindo a série de palestras e bate-papos, representantes das microcervejarias Brasserie 35, Malvadeza, Sud e Zapata debateram, ao lado do burgomestre Sady Homrich, inovação em termos de receita e comunicação com o público. Com propostas distintas, as micros apresentaram alguns de seus rótulos e falaram sobre os critérios utilizados na criação das marcas e elaboração das receitas.  Felipe Araújo, sócio-proprietário e cervejeiro da Zapata, ressaltou o caráter libertador dessa construção no setor cervejeiro artesanal: “A gente vende alegria, descontração. Saber linkar teu público consumidor, que normalmente é jovem e sedento por inovação, com o produto, comunicando-se com ele na mesma linguagem, é o que fará com que o rótulo chame atenção nas gôndolas”, recomenda.  A “cervejaria rural”, como é denominada, aposta em algo incomum entre as cervejarias. Utiliza, estampado nos rótulos, fotografias em preto e branco de pessoas anônimas de Porto Alegre, “um link entre o ambiente urbano e o rural”, explica Felipe.

Na sequência, o assunto tratado foi a integração de cervejarias com outros setores: hoteleiro, supermercadista, gastronômico e turístico. Falaram Antonio Tedesco Giulian, da Cervejaria Portoalegrense, Fernando Maldaner, da Edelbrau, Humberto Frölich, da Babel, e Rodrigo Yung, da Heilige, com a mediação de Roger Klafke. Uma das questões levantas pelos participantes foi o processo de educação de toda a cadeia. Humberto declara que a educação do público é uma responsabilidade contínua e que tem funcionado, o que não vem ocorrendo com os pontos de venda. Segundo Humberto, esse trabalho está sendo um pouco negligenciado. “O empresário do PDV precisa entender que trata-se de um produto diferente, que não funciona da mesma forma que um produto de massa, em termos de mercado e de vendas. Depois disso, ainda vem o treinamento da equipe. É eles que farão a interface direta com o cliente.”

O Projeto Polo Cervejeiro do RS também foi tema de conversa durante o Seminário. A gestora do projeto, Francine Danigno, apresentou um balanço da iniciativa, de 2015 a 2016, e perspectivas para 2017. Desenvolvido pelo Sebrae-RS, a ação contempla cerca de 45 empresas do estado e tem por objetivo fortalecer o setor através de reuniões, visitas técnicas, eventos e outras atividades. O projeto, que iniciou com foco no estímulo da união do grupo e no fortalecimento das marcas, este ano teve como alvo a indústria e o incentivo a lideranças. Para 2017, a meta, segundo Francine, será explorar novos mercados.

A gestora destaca o Seminário como um evento de sucesso, já consolidado: “A gente sempre aprende muito quando para para ouvir o que os empresários têm a dizer. E quando a gente monta um encontro no qual os nossos cases de sucesso são esses próprios profissionais, acho que é o momento de maior conhecimento e aprendizado que poderia haver. Acho que o pessoal já espera que a gente movimente o final do ano com esse evento”, entusiasma-se.

Encerraram os bate-papos a fala do presidente da AGM, cervejeiro e sócio-proprietário da Irmãos Ferraro, Rodrigo Ferraro, comentando sobre os desafios da associação, e o painel “Fortalecendo o segmento cervejeiro por meio das associações”, com a mediação de Daiane Colla. A conversa contou com a participação de Rodrigo, Leonardo Sewald, da Cervejaria Seasons, e Maria Fernanda Tartoni, empresária e presidente da seccional gaúcha da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Maria Fernanda revela que a Abrasel vê o setor de cervejas artesanais como um grande potencial a ser explorado pelos associados e que a intenção é aproximá-los cada vez mais desse setor.

Finalizando o evento, bate-papo “Fortalecendo o segmento cervejeiro por meio das associações”

“Hoje há pouquíssimos restaurantes trabalhando com cerveja artesanal, os grandes monopólios ainda dominam o nosso mercado, até por injeção de dinheiro e descontos em mercadorias. Mas os que trabalham estão bem satisfeitos, existe um valor agregado nos produtos. Esperamos que, através das nossas associações, possamos nos unir. Nós somos muitos microempresários, com faturamentos muita vezes mais baixos que os de microcervejarias. Então, também somos pequenos sozinhos, mas, juntos, podemos chegar mais longe”, registra a presidente

As vagas para participação do projeto Polo Cervejeiro do RS, em 2017, estão abertas até dia 31 de dezembro. Podem se inscrever cervejarias e empresas que terceirizam a produção (com inscrição própria no MAPA ou da empresa parceira), com faturamento anual de até R$3,6 milhões. O investimento é de R$2 mil, podendo ser parcelado em até 10 vezes, com pagamento a partir de janeiro.