Caropreso com cerveja: minhas queridinhas do momento

Por Luiz Caropreso, sommelier de cervejas, professor pela Doemens Akademie e diretor da BeerBiz – Cultura Cervejeira.

Olá meus amigos cervejeiros! Não sei se isso acontece com vocês, mas eu, de tempos em tempos, me apaixono por novas cervejas. E pouco importa o estilo. Acho que já passei da fase de me encantar com cervejas “da moda”. Posso dizer, com a maior certeza, que gosto de cervejas boas, honestas e bem feitas. Adoro me surpreender com aromas que se escondem por trás de uma taça bem servida.

Em minha opinião, é essa coisa de me surpreender o maior encanto que encontro nas cervejas. Desde a primeira Weizen, que realmente foi meu ponto de partida para a trajetória que decidi tomar para minha vida profissional. Consegui o que muita gente busca: trabalho com algo que me dá prazer e vendendo felicidade aos demais. Afinal de contas, não conheço nenhuma bebida que entregue e esteja mais associada à felicidade do que nosso querido fermentado de cereais.

Vamos então à seleção atual das minhas queridinhas.

Ashby Pilsen Puro Malte

Estilo: German Pilsner

Cervejaria Ashby de Amparo, SP

ABV: 4,6%

Experimentei essa delícia na festa de comemoração de 25 anos de existência da Ashby. Que surpresa deliciosa. Uma cerveja leve, aromática, de alta drinkability, dessas que dá pra passar a tarde bebendo numa roda de amigos, regada a um bom papo. A Ashby puro malte é feita com uma seleção de quatro lúpulos, que lhe emprestam aromas muito frescos e perfumam agradavelmente nossa taça. Realmente, é uma grande contribuição para o portfólio dessa cervejaria, campeã de vendas com seu chope Lager. Para harmonizar, vou de queijos mais tranquilos, como o minas frescal, mussarela de búfala ou uma cremosa burrata sobre fatias de pão italiano levemente tostadas e regadas com um fio de azeite extra virgem. Vai bem também com embutidos como um salaminho, copa ou linguiça caipira curada, servida em finas fatias.

 

Dadiva (com Avós e Mafiosa) Tripel Bock 28 – maturada em barricas de Vinho do Porto

Estilo: Wood aged beer

Cervejaria Dádiva de Várzea Paulista, SP

ABV: 12,9%

Tive a oportunidade de provar essa cerveja antes da maturação em barricas de carvalho por onde passou vinho do Porto e já era fantástica. Assemelha-se em aromas a Doppelbock, mas vai muito além, tanto pelo teor alcoólico como pelo seu corpo denso e textura quase licorosa. Traz notas de caramelo, toffee, algum mel, baunilha e madeira, coroadas por sabores vínicos emprestados pelo Porto. Uma cerveja complexa e potente que acompanha muito bem queijos fortes como parmesão grana padano, Rochefort e taleggio bem maturado. Carnes de caça como cervo e javali e sobremesas à base de chocolate amargo, ou de cupulate, a semente de cupuaçu que após ser torrada e moída cumpre às vezes da semente de cacau, com um leve perfume selvagem.

 

Croma Sunshine

Estilo: Specialty IPA / New England IPA

Cervejaria Croma Beer Co. de Jaboticabal, SP

ABV: 7%

As New England IPA parecem ter vindo para ficar. Cervejas menos alcoólicas e menos amargas que suas primas, as American IPAs, com um apelo para a aparência – mais turvas, quase opacas – com colorações que lembram suco de frutas cítricas como laranja. Neste caso, especificamente, uma cor brilhante e viva que lembra raios de sol, como diz seu nome A Sunshine foi premiada justamente com medalha de ouro no 6º Concurso Brasileiro de Cerveja. Na boca traz uma explosão de sabores de frutas tropicais saborosas e refrescantes. De textura suave, quase cremosa é muito fácil de beber além da conta, pois, além de todos esses sabores, não aparenta os 7% de álcool que possui. Vai muito bem com carnes magras como aves e peixes. Experimente com um poke de peixe branco, que tenha, entre outros ingredientes, manga na receita. Harmoniza também com doces e cremes a base de frutas cítricas.

 

Cozalinda Praia do Meio

Estilo: Sour Ale / Mixed Culture Bret Beer

Cervejaria Cozalinda de Florianópolis, SC

ABV: 6,4%

Mais uma angariada com ouro no 6º Festival Brasileiro. Essa ale foi refermentada em barricas de carvalho, inoculada com brettanomyces, as bactérias selvagens que trazem aromas complexos como couro e estábulo. A cerveja também apresenta, em segundo plano aromas de madeira e de frutas amarelas e um leve floral. Na boca, vem com uma acidez interessante, mas nada muito agressiva e alguma adstringência, própria das cervejas que são preparadas com Brett. Acho fantástico que os cervejeiros brasileiros se atrevam na utilização de ingredientes e preparos que até bem pouco tempo eram meio que um tabu entre a gente. Vai muito bem com pratos da culinária japonesa, preparados à base de peixes crus, bem como com o delicioso ceviche peruano. Doces como mousse de limão, e sorbets de frutas ácidas também irão fazer um belo par.

Por este mês é isso. Me escrevam com suas opiniões e sugestões, Será um prazer trocar ideias com vocês. Meu e-mail é luizcaro@gmail.com.

Até a próxima.

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