New England Beer Calling: À procura da New England IPA perfeita — Parte final. Será?

Por Thiago Martini, beer sommelier, juiz BJCP, Certified Beer Server Cicerone e cervejeiro caseiro.

Dando sequencia ao tema das últimas colunas, sigo percorrendo as estradas da Nova Inglaterra em busca da New England IPA perfeita. Após a visita na The Alchemist, e já com saudades, continuo no estado de Vermont em direção a pequena cidade de Greensboro Bend, quase na divisa com o Canadá.

É preciso pegar uma estrada de chão para chegar até a Hill Farmstead Brewery, uma pequena cervejaria familiar rodeada por propriedades rurais e que foi considerada, pelo site RateBeer, como a melhor cervejaria do mundo em 2018. Não que isso seja uma verdade absoluta, mas a escolha se deve a notas recebidas de consumidores e cervejeiros entusiastas, então coisas boas devem ter por lá.

A história da família é muito legal e remonta a oito gerações, quando Sr. Peleg Hill e seu filho, em 1788, explorando a região se apaixonam pelo local e fundam Greensboro, assim como a primeira taverna em 1809 no mesmo espaço onde se encontra hoje a cervejaria. Passado mais de 200 anos, Shaun, um dos descendentes do Sr. Peleg, abre em 2010 a Hill Farmstead Brewery, dando continuidade à herança genética cervejeira da família Hill. Os proprietários orgulham-se de ser um pequeno negócio familiar, e assim pretendem continuar pelas gerações vindouras, focando sempre na qualidade.

O ambiente bucólico onde se encontra a cervejaria é muito agradável e acolhedor. A zona rural com a peculiar natureza em volta, traz paz de espirito e a tranquilidade necessária para se apreciar as excelentes cervejas, incluindo algumas incríveis New England IPAs, afinal viemos aqui para beber ou para conversar? Com certeza ambos.

O brewpub da cervejaria fica aberto somente quatro dias por semana em horário reduzido e requer um planejamento prévio de quem vem de longe. Vale muito a pena, pois a recepção, o local e as cervejas merecem a visita. Todas as cervejas degustadas são executadas com muita maestria, verdadeiras obras de arte. Contudo, a minha preferida foi uma Double New England IPA single hop com o lúpulo Nelson Sauvin, simplesmente sensacional.

E é neste momento, degustando a “Double Nelson”, que me vem a pergunta: chegamos na perfeição? Automaticamente já me vem à mente cervejas como a Julius, da Tree House, e a Heady Topper, da The Alchemist e penso que seria injusto da minha parte apontar qualquer uma delas como a melhor ou a perfeita.

Na verdade, nem tenho essa pretensão, muito pelo contrário. Na minha opinião, a cerveja perfeita, além de ser bem feita, tem que casar com o momento ideal, com a companhia ideal e com o gosto pessoal.

Pensando nesta perspectiva, contemplando toda aquela natureza, com uma grande cerveja em mãos e ao lado da minha esposa, talvez tenha chegado sim em um momento perfeito ou, no mínimo, muito próximo a ele.

Contudo, a saga em busca da New England IPA perfeita nada mais foi do que uma grande brincadeira para correr atrás justamente das New England IPAs espalhadas pela região nordeste dos Estados Unidos. Na compreensão do produto, são tantas as possibilidades de se construir uma receita com a variedade de lúpulos, maltes e outros fatores, que a evolução nada mais é do que infinita. Sempre haverá a oportunidade  de se fazer alguma coisa diferente e se não melhor, no mínimo tão bom quanto. Grande abraço e boas cervejas!

>> Leia a última coluna de Thiago Martini

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